Tangará: CAPS alerta para cuidados na prevenção ao suicídio

5 de setembro de 2016 - 14:14 - 1.270 views

Em entrevista à Pioneira, a médica psiquiatra Cláudia Yábar, integrante da equipe do CAPS – Centro de Atenção Psicossocial Tangara da Serra falou sobre o Setembro Amarelo que visa conscientizar as pessoas sobre a prevenção do suicídio.

O movimento acontece durante todo o mês de setembro em todo o mundo. Há uma atenção especial no dia 10 de setembro, pois é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

“O Setembro Amarelo é uma campanha lançada há três anos para ajudar a conscientizar a população em geral em relação ao suicídio, que tem números absurdos no Brasil, ocupando o 8º lugar no ranking mundial e a gente tem que tentar prevenir. Toda a vida é importante e esse é o nosso papel na psiquiatria, tentar evitar o suicídio. Estamos tentando nos mobilizar para o dia 10 de setembro que é o Dia D da campanha Setembro Amarelo”, disse a médica.

O Setembro Amarelo tem o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Iniciada no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), o Setembro Amarelo ocorre no mês de setembro, desde 2014, por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações.

A Psiquiatra destacou que não há motivos específicos para o cometimento do suicídio. “O suicídio é um desfecho. As pessoas que estão em um momento de desamparo, de desânimo, de desesperança em algum momento e podem ter pensamentos, que podem culminar em uma tentativa que pode dar certo, vindo a ser suicídio. Praticamente em 100% dos casos, as pessoas que tentam suicídio têm algum transtorno mental, não veem a realidade da maneira adequada, as coisas estão distorcidas. Esse transtorno pode ser depressão, bipolaridade, dependência química ou alguma situação que seja fator de risco como abuso, trauma, desonra, desilusão amorosa, entre outros. Se a pessoa não está bem e tem uma personalidade um pouco mais impulsiva, pensa no suicídio e por mais que isso não seja o que ela realmente quer, por um ato de impulsividade, acaba tentando e muitas vezes acaba conseguindo”.

A médica salientou ainda que a afirmação “quem avisa não faz” é mito, por isso as pessoas, principalmente a família, devem ficar atentas aos sinais dados. “Nós queremos principalmente capacitar os profissionais da área de saúde e a população em geral para ficar atenta aos sinais. Se uma pessoa diz ‘Eu tô desanimado com a vida’ ou ‘Eu tô pensando em me matar’ ou ‘Eu não vejo mais sentido para fazer as coisas’, fique atento porque é mito dizer que quem avisa não vai fazer. Geralmente as pessoas que tentaram e/ou conseguiram cometer suicídio, avisaram antes. São vários sinais: pessoas que não têm planos para o futuro, que estão desanimadas e não realizam mais determinadas atividades; são todos pacientes de risco que precisam ser encaminhados para atendimento”.

No ano de 2014 o Brasil estava em 8º lugar no ranking mundial de suicídios. A estimativa pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a cada 40 segundos alguém comete suicídio. Além disso, é também estimado que mais de 1 milhão de pessoas acabem com suas próprias vidas por ano. O suicídio se tornou um problema de saúde pública que vive atualmente a situação do tabu e do aumento de suas vítimas.

“É um número preocupante e que tem crescido cada dia mais, principalmente na faixa estaria dos jovens ativos. Então o que está acontecendo com essa população que está adoecendo a tal ponto de ver a situação distorcida e pensar que a única solução seria com esse ato extremo? Quando as pessoas são tratadas, são acompanhadas, tem uma grande chance desse tipo de pensamento regredir”, comentou a psiquiatra Cláudia Yábar.

O suicídio tem sido um mal silencioso, pois as pessoas fogem do assunto e, por medo ou desconhecimento, não veem os sinais de que uma pessoa próxima está com ideias suicidas. A esperança é o fato de que, segundo a Organização Mundial da Saúde, 9 em cada 10 casos poderiam ser prevenidos. É necessário a pessoa buscar ajuda e atenção de quem está à sua volta.

Com o tema “Falar é a melhor solução”, a campanha Setembro Amarelo incentiva as pessoas a falarem de seus problemas e procurarem ajuda médica. “A principal orientação é sempre procurar ajuda. Se você se sente mais à vontade para falar com um familiar, com um amigo ou quer ir direto ao médico, não fique com receio. Os profissionais são capacitados para receber o paciente e ampara-lo, conversar com ele, porque muitas vezes a conversa no primeiro momento já consegue acalmar e assim, indicar um acompanhamento médico, com psiquiatra ou psicólogo. A maioria das pessoas sabe de alguma história ou tem algum conhecido que tentou suicídio ou conseguiu tirar a própria vida, então não fique com receio de falar. Fale e procure ajuda porque na maioria das vezes pode ser resolvido. E a gente pode evitar algo que traumatiza uma família inteira. Quem pensa em suicídio está sofrendo muito e através da ajuda, a gente pode terminar com isso sem que a opção seja tirar a própria vida”.

O CVV – Centro de Valorização da Vida (uma das principais mobilizadoras do Setembro Amarelo) é uma entidade sem fins lucrativos que atua gratuitamente na prevenção do suicídio desde 1962, membro fundador do Befrienders Worldwide e ativo junto ao IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio), da Abeps (Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio) e de outros órgãos internacionais que atuam pela causa.

O CAPS de Tangará da Serra está localizado ao lado do Posto Central.

Fonte: Rádio Pioneira