6 motivos para toda empresa dar licença de 20 dias para pais
15 de março de 2016 - 15:03 - 1.094 views
A presidente Dilma Rousseff sancionou na última quarta-feira (9) a lei que estende a licença paternidade de 5 para 20 dias.
A medida faz parte do Marco Legal de Atenção à Primeira Infância, que visa atender crianças de 0 a 6 anos com um conjunto de ações de saúde, educação e alimentação.
Com a mudança, o Brasil se equipara a Portugal e segue uma tendência mundial.
A Noruega, por exemplo, permite que o trabalhador se afaste por 14 dias após o nascimento do bebê, mas acordos coletivos têm permitido que este prazo chegue até a 14 semanas. Islândia e Eslovênia oferecem 90 dias, Finlândia, 54 dias.
Já estava mais do que na hora de o Brasil dar esse passo, mas ainda falta muito.
Isso porque apenas as empresas que aderem ao programa Empresa Cidadã, do governo federal, são obrigadas a ampliar o prazo da licença paternidade.
Atualmente esse universo corresponde, segundo dados da Receita Federal, a um total de 19 mil empresas — o equivalente a pouco mais de 10% do total de companhias brasileiras aptas a integrar o programa.
Ou seja, a resolução é boa, mas na prática ainda dá pra melhorar, e muito.
Por isso, aqui vai uma lista de seis motivos pelos quais toda empresa deveria conceder este benefício a seus empregados.
- Incentivo fiscal
As empresas cadastradas no programa Empresa Cidadã também podem conceder seis, em vez de quatro, meses de licença-maternidade.
Assim como no caso da licença-paternidade, a remuneração referente a esses dias a mais para os trabalhadores é restituída na forma de desconto no imposto de renda.
A regra só vale para as empresas que declaram imposto de renda por meio de lucro real.
Cerca de 175 mil companhias brasileiras se enquadram neste perfil hoje, sendo a maioria de médio ou grande porte.
- Baixo impacto econômico
Um estudo feita pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal apontou que o impacto no orçamento do governo federal é mínimo, especialmente se comparado aos benefícios.
De acordo com Eduardo Marino, um dos responsáveis pelo estudo, o custo seria de R$ 99 milhões por ano — o equivalente a apenas 0,009% da arrecadação federal.
- Fortalece a amamentação
A presença do pai durante as primeiras semanas de vida do bebê é fundamental para o sucesso do aleitamento materno.
Um estudo desenvolvido no Canadá e publicado na revista Pediatrics, da Associação Americana de Pediatria, apontou que as mulheres que se sentem amparadas por seus companheiros neste momento têm mais chance de manter a amamentação por mais tempo.
A psicóloga especialista em aleitamento Bianca Balessiano, da consultoria Posso Amamentar, explicou à revista Crescer que a conexão emocional entre os pais é o que faz a diferença neste momento.
“Ele [o pai] deve ser uma figura empática, que compreenda realmente o que está acontecendo ali e tentando se colocar no lugar dela o tempo todo”, diz Balessiano.
“Um pai em casa, o seu apoio à mulher, favorece a amamentação em um período crítico, em que a mãe e a criança precisam se adaptar ao processo de amamentação. É aí que costumam aparecer os problemas. E se a mulher não estiver amparada, há uma tendência maior de se desistir da amamentação e passar para as fórmulas (leite em pó)”, explicou Marino, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, à BBC.
- Bebês mais saudáveis, menos prejuízo para o País
Medidas como esta, que incentivam o aleitamento materno, fazem com que os bebês fiquem mais protegidos de doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias.
Quanto menos bebês doentes, menor o gasto do governo com a saúde dos pequenos.
- Seus funcionários vão trabalhar melhor
Imagine que você acabou de ter um bebê. Toda a rotina da sua família alterada. Sua mulher precisando de todo amparo possível e apenas cinco dias depois você já tem que estar de volta ao escritório.
No mínimo, este funcionário se sentirá desmotivado, com a cabeça em outro lugar.
Por outro lado, empresas que têm o bem estar de seus funcionários como uma de suas prioridades têm como resultado melhor produtividade.
- Permite uma divisão igualitária das tarefas com o bebê e a casa
Já passou da hora de a sociedade entender que o marido não “ajuda” a mulher em casa. O homem é tão responsável quanto a mulher pelos cuidados com o lar e os filhos.
Permitir que eles fiquem mais tempo em casa após o nascimento do bebê só facilita esse processo.
Porque não basta ser pai. Tem que participar.
Fonte : Exame